quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Maneira de pisar pode revelar muito sobre a postura


Por Regina Helena Santos

A maneira como os pés pisam no chão pode revelar muito sobre a postura de uma pessoa. Isso porque desde problemas como dores nas costas e articulações e até a performance, no caso dos atletas, costumam estar ligados a fatores como o peso e a força aplicada por cada um dos pés no solo. E a tecnologia, cada vez mais presente em todas as áreas da saúde, já chegou também para a avaliação da maneira de pisar. A baropodometria - exame que proporciona a medição exata dessa pressão - que até alguns anos atrás só podia ser feita com a ajuda de um acessório estático formado por vidro e espelhos, hoje já conta com a ajuda de um avançado software que faz uma leitura minuciosa da pisada. "É um exame de alta tecnologia e pode ser feito por qualquer pessoa", explica a fisioterapeuta Andréa Cristofoletti. 

Conhecer a força que cada um dos pés - e cada parte deles - faz em contato com o chão pode ajudar na evolução de tratamentos diversos, desde simples unhas encravadas e calos recorrentes até dores crônicas na coluna. Isso porque, segundo Andréa, a maneira de pisar de cada um pode interferir diretamente na postura corporal - assim como a forma de morder ou respirar, por exemplo. "A pisada não é a única, mas é uma das principais causas dos desvios de postura", explica. "No adulto está tudo alterado, não há quem tenha uma mordida, uma pisada 100%. Com a baropodometria eletrônica conseguimos, muitas vezes, detectar a causa principal para começar a tratá-la", diz a especialista. Um bom exemplo é aquela dor nas costas recorrente, que passa quando o paciente faz sessões de fisioterapia e reeducação postural, mas volta assim que a pessoa fica dois ou três meses sem tratamento. "Se a postura tiver relação com a pisada, enquanto não se diagnosticar essa relação e corrigir o problema, não vai estabilizar. Por isso essa avaliação ajuda bastante." O mesmo vale para pessoas que têm calos que, mesmo depois de retirados, voltam sempre no mesmo lugar. "É possível que a pessoa exerça um excesso de pressão na pisada naquele ponto. Os remédios tiram a calosidade externa, mas ela volta, por causa dessa pressão." Neste caso, a correção se dá pelo uso de palmilhas, mas nem sempre é só assim. "Pode ser também somente com tratamento postural ou os dois, conforme o caso." 

Rápido e preciso 

Com a baropodometria eletrônica, em apenas uma hora o paciente pode ter em mãos - por meio de um laudo - um completo raio-x de sua maneira de pisar. O teste é simples, feito com a ajuda de uma plataforma eletrônica - com mais de quatro mil receptores que avaliam o contato dos pés com o chão - diretamente ligada num computador. Na avaliação estática (do paciente parado) em pé, é possível saber quantas gramas por centímetros quadrados cada pé está exercendo de força no chão, quais os pontos onde há sobrecarga, quanto de peso se joga em cada lado, na frente e na parte de trás, onde está o centro de gravidade, além do ângulo de arco de cada um dos pés. "Temos os padrões de referência e usamos estes dados para promover as comparações", explica a fisioterapeuta. 

Um exemplo deste estudo é o quanto a pessoa joga de peso na parte da frente e de trás de cada pé. "O ideal é 60% na parte de trás e 40% na frente." Ou seja, qualquer coisa diferente disso pode significar uma alteração de postura, dores e desconforto. Além do teste estático, é possível ainda avaliar o paciente caminhando ou até, no caso de esportistas, durante e execução dos movimentos que realiza. Para estas situações o software disponibiliza informações que vão desde a velocidade de cada passada até os pontos que são tocados primeiro no chão, por exemplo, com base em imagens em três dimensões. 

De posse destas informações, a tecnologia pode ser usada pelos pacientes de diversas formas. Para aqueles já em tratamento, o sistema ajuda a apurar o diagnóstico e afinar as ações preventivas e de correção postural. "Um exame de raio-x, por exemplo, é estático. Não mostra se a pessoa pisa para dentro ou para fora." Já para quem não sente dores, é uma forma de prevenir lesões, principalmente em esportistas. "Podemos dar como exemplo um carro. Se ele andar desalinhado, vai prejudicar outra coisas. Assim é no corpo humano também. Dependendo de como o pé toca no chão, pode levar o joelho ou a coluna para posições erradas, por exemplo." 

Para quem pratica esportes, a avaliação - que não depende de encaminhamento médico e pode ser feita por um custo médio de R$ 150 - pode ajudar a melhorar a performance e a indicar ações para prevenir lesões. Ainda mais por conta da atual tendência de tênis e calçados desenvolvidos especialmente para cada tipo de pisada. "Nas lojas normalmente se faz uma avaliação mais simplista, se o comprador desgasta os sapatos para dentro ou para fora, por exemplo. Porém, às vezes isso acontece para compensar uma pisada errada, por exemplo. temos pacientes que começaram a ter dores nos joelhos depois de comprar calçados assim", orienta Andréa.

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